Vawlt: o cofre mais seguro para dados na cloud

Vawlt: o cofre mais seguro para dados na cloud
26
ago
2021
INSIGHT
NOS
6 minutos de leitura
Atualizado a
09 dez 2022

Quando a cloud ainda dava os primeiros passos, Ricardo, Tiago e Alysson já pensavam na segurança de poder usar várias clouds. A Vawlt agrega numa só solução o melhor que cada fornecedor de armazenamento cloud tem.

Ricardo Mendes e Tiago Oliveira preparavam-se para desenvolver a tese de mestrado na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Alysson Bessani era o professor que os iria orientar, em 2011. Numa altura em que os serviços da cloud eram uma tendência crescente no armazenamento de dados — com um domínio já evidente da Amazon Web Services, da Microsoft Azure e da Google Cloud —, os dois estudantes começaram logo a preocupar-se com as questões de segurança, privacidade e mesmo soberania. O trabalho académico de investigação que se seguiu — primeiro a três com Bessani e depois a quatro, com a chegada de Bruno Santos Amaro — deu origem à Vawlt, um verdadeiro cofre para o armazenamento de dados na cloud. Uma inovação portuguesa acessível e fácil de usar, para todo o tipo de empresas, disponível, por exemplo, através do NOS Multicloud Storage.

Equipa Vawlt:

Da academia para o mercado, a apostar na segurança digital

“A ideia surgiu de um problema essencial no mundo da cloud: a necessidade de não haver uma dependência total de uma única entidade fornecedora de serviços”, recorda Ricardo Mendes, CEO da Vawlt. O que o preocupava era a cibersegurança das empresas e dos dados, mas também a própria soberania dos países, pelo facto de a maior parte dos provedores de serviços cloud ter sede fora da Europa. Sentiram necessidade de “criar uma camada de privacidade, de independência”.

A Vawlt surge assim como o primeiro serviço de armazenamento multicloud. Em vez de recorrer a apenas um fornecedor de serviços de cloud, usa vários, garantindo independência, simplicidade de utilização e segurança no armazenamento de dados na cloud. Além disto, facilita a transformação digital das empresas, enquanto produto de storage as a service que serve “desde a PME que armazena um terabyte de informação dos seus backups diários, às grandes empresas da saúde, das finanças ou do setor público”, garante Ricardo Mendes.

Queríamos que, quando se dissesse em voz alta, o nome remetesse para aquilo que estávamos a criar: um cofre de fiabilidade e segurança de dados. Ricardo Mendes, CEO da Vawlt

O nome Vawlt surgiu com a constituição da empresa, em 2019. Não queriam fazer uma colagem direta com a palavra ‘cofre’ em inglês (vault), mas queriam garantir que, “quando se dissesse em voz alta, remetesse para aquilo que estávamos a criar: um cofre de fiabilidade e segurança de dados”, lembra Ricardo Mendes. Todo o trabalho de desenvolvimento do produto foi feito no Tec Labs, incubadora associada à Universidade de Lisboa, onde a Vawlt ainda se encontra. Nessa altura — já com a presença do atual product advisor Bruno Santos Amaro —, estavam a ser desafiados “a pôr o protótipo em funcionamento e levá-lo ao mercado de uma forma útil para os clientes. Ou seja, era preciso resolver os problemas que os clientes têm, transformar ciência em produto”.

Para Ricardo Mendes, a inovação tecnológica no campo da deep tech é um trabalho de insistência, de “muitas noites sem dormir”, principalmente porque se está a pisar terreno não explorado. “No momento em que apareceu uma cloud, um serviço único no armazenamento de dados, pensámos imediatamente em como criaríamos o mesmo, mas utilizando múltiplos serviços”. Pretendiam aumentar a cibersegurança nas empresas, as garantias, a privacidade, a fiabilidade. “As pessoas ainda desconfiavam do mundo cloud, quanto mais de uma multicloud, ou da cloud of clouds, como lhe chamamos”, continua o CEO da Vawlt. “Tivemos de provar ser possível e eficiente e tornar usável este tipo de tecnologias”, resume.

Mas o que distingue o serviço de cloud storage da Vawlt?

O sistema multicloud que a Vawlt criou aproveita “o que cada cloud tem de melhor, tanto no que diz respeito à parte técnica como à parte de negócio. O resultado é um sistema muito mais fiável do que apenas um provedor, muito mais simples e otimizado”. No fundo, segundo Ricardo Mendes, é mais fácil para uma empresa utilizar o serviço da Vawlt do que recorrer diretamente a uma só cloud, beneficiando de custos otimizados e maior adaptação às necessidades do cliente.

Apenas os donos dos dados têm acesso aos mesmos. Nem a Vawlt, nem nenhum parceiro, nem nenhum fornecedor de armazenamento de dados tem acesso aos dados do cliente

Por outro lado, a segurança está garantida de tal forma que “apenas os donos dos dados têm acesso aos mesmos. Nem a Vawlt, nem nenhum parceiro, nem nenhum fornecedor de armazenamento de dados tem acesso aos dados do cliente”. E apesar de os dados estarem repartidos por vários servidores, para reforçar a cibersegurança das empresas, a plataforma foi desenhada de forma a que, mesmo que haja uma falha numa das partes do processo, a informação continue toda disponível. “Os dados são partidos em segmentos”, simplifica Ricardo Mendes, “e com quaisquer dois pedaços é possível gerar o ficheiro original completo”.

O CEO da Vawlt destaca a importância deste tipo de soluções para reduzir a vulnerabilidade das empresas, mas também para garantir a independência e mesmo a soberania dos Estados: “Tirar o poder a cada entidade individualmente devolve-nos alguma soberania. Isso é muito importante em grande escala, é uma discussão política que tem sido levada a cabo a nível europeu”.

Venture Capital como alavanca imprescindível

A Vawlt tem neste momento uma equipa de dez pessoas, entre as quais Ricardo Mendes e Tiago Oliveira a tempo inteiro. E há planos para crescer em 2022. O ambiente da academia foi imprescindível para o desenvolvimento do produto, e a incubadora Tec Labs é, para já, suficiente para as necessidades da empresa. Mas as ambições são grandes. Na visão do CEO da Vawlt, “uma startup é uma empresa que se quer inovadora, diferenciadora e com vontade de ser grande, de ser gigante”.

Sem capital de risco seria muito difícil criar soluções de escala global. Não é possível criar um sistema como o Vawlt com base em crescimento puramente gradual

E crescimento foi algo que conseguiram logo desde 2019, muito graças ao investimento de venture capital (VC). Primeiro da Armilar Venture Partners e, mais recentemente, da Shilling Capital. Ricardo Mendes não esconde a sua importância: “Sem este capital de risco, seria muito difícil termos tempo para criar soluções de grande escala, de escala global. Não é possível criar um sistema como o Vawlt com base em crescimento puramente gradual”. Por outro lado, os VC não só reconhecem o valor de um produto ou de uma empresa, como ajudam a transformar um projeto académico numa solução estruturada, pronta para o mercado. “Quando falo com outros founders que vêm da academia, é transversal. Todos têm de fazer este shift: sair de uma mentalidade meramente técnica para a do mundo dos negócios”, explica Ricardo.

Em pouco mais de dois anos a Vawlt conseguiu 800 mil de euros de financiamento de risco, que ajudaram a colocar o produto no mercado e a encontrar os primeiros clientes. Agora já estão de olhos postos nos mercados internacionais, que também começam a estar atentos à empresa lusa de armazenamento cloud. O portal EU-Startups coloca mesmo a Vawlt como uma das principais empresas portuguesas a ter em conta em 2021 e no futuro.

Vawlt e NOS levam transformação digital às empresas

A parceria mais recente da Vawlt, com a NOS, elevou ainda mais o seu potencial junto das empresas portuguesas, através da disponibilização do serviço NOS Multicloud Storage. Para Ricardo Mendes, “a NOS passou a ter a capacidade de levar aos seus clientes esta solução, de forma muito simples. E munir todo o tecido empresarial — inclusive as PME, ou empresas um pouco maiores — de soluções focadas em cibersegurança, em fiabilidade, até nestas questões da soberania e da independência”.

Segundo Ricardo Mendes, muitas empresas estão afastadas das soluções da cloud e o NOS Multicloud Storage “democratiza um pouco a segurança digital”.

Para o CEO, “a disponibilização deste serviço democratiza um pouco a segurança digital” das empresas, muitas vezes “afastadas de soluções enterprise grade, na maioria dos casos, possíveis apenas para os grandes players”. Além disto, ajuda à transição digital; ajuda a economia e a sociedade a reforçar por desenvolvimento tecnológico.

Veja aqui como funciona a Vawlt:

 

5G Portugal: rede para a cloud chegar mais longe

Ricardo e a equipa da Vawlt também aguardam pela chegada da rede 5G a Portugal, para fazer crescer a sua tecnologia, levá-la a mais empresas ainda. “O 5G, ao aumentar a capacidade de largura de banda e facilitar a conectividade entre vários dispositivos, vai reforçar a ideia de ter um agente que toma conta dos dados”, afirma o CEO da Vawlt. Acredita que a quinta geração móvel vai dar acesso à cloud a empresas que, por questões de limitação técnica, não o conseguiam ter.

“O 5G vai ser, sem dúvida, uma das alterações tecnológicas com maior impacto dos últimos tempos. Vai trazer uma grande mudança na área do armazenamento de dados na cloud”, resume Ricardo Mendes. E a NOS está pronta para ajudar a Vawlt e todos os parceiros a darem esse salto, assim que a rede 5G estiver disponível.