Knok
Ir ao médico nunca foi tão fácil – é esta a promessa de uma nova aplicação portuguesa que está a dar que falar.
A knok liga em tempo real pacientes e médicos especialistas independentes, disponíveis para se deslocarem onde desejar. A escolha é do paciente.
O que é/qual é o negócio?
A knok é uma aplicação que liga de forma simples e em tempo real doentes e médicos para a prestação de serviços de cuidado primário de saúde em domicílios ou onde forem necessários: as situações azuis e verdes das urgências e alguns amarelos. Os doentes podem escolher o médico especialista, verificar a sua localização geográfica e saber o tempo previsto de deslocação do médico, tudo isto sem sair de casa ou do trabalho e através de uma app simples e intuitiva.
A knok é inovadora, pois não existe nenhuma empresa igual na Europa e é um serviço que é conveniente e confortável, porque não enfrenta as filas de espera das urgências, pois o médico vai ter com o doente a casa. É ideal para bebés, crianças e idosos ou para quem privilegia a comodidade e o conforto.
De onde nasceu?
A ideia da knok surgiu há pouco mais de um ano, quando o meu filho mais novo adoeceu e teve que ir às urgências pediátricas três vezes no espaço de duas semanas. Foi visto por três médicos diferentes e, no final, diagnosticaram-lhe uma virose.
Isso fez-me achar que esta forma de relação entre doentes e sistema de saúde está desadequada. Para mim, não fazia sentido estar com uma criança numa sala de espera, três horas de cada vez e ser visto em 10 minutos por um médico diferente, que, por não ter o histórico, obrigava a contar a mesma história repetidamente - portanto fazia a consulta em 5 minutos!
Assim, começámos a pensar que ideal seria conseguirmos chamar um médico que viesse ter connosco - para evitar a ida à urgência, que é sempre desagradável - e que fossemos nós a escolher o médico, pois conseguiríamos assegurar a continuidade do diagnóstico. E, perfeito, era avaliar a consulta no final, para que os outros doentes soubessem como tinha sido a nossa experiência. E a knok começou a passar de um desejo, de uma ideia a um projeto e hoje a uma realidade.
Missão?
Cuidados de saúde primários de excelência, onde forem necessários e quando forem precisos, de forma simples e cómoda.
Financiamento?
Até agora, nenhum! Chegámos até aqui apenas com investimento da equipa de fundadores.
Lançámos a knok a 4 de Dezembro 2015 e começámos agora a trabalhar em levantar fundos junto de investidores. O nosso objectivo é levantar cerca de 500 mil Euros para alargar a notoriedade da knok em Portugal e também para internacionalizar.
Promoção?
Neste momento estamos sobretudo a promover-nos nas redes sociais. Já tivemos mais de 1.500 downloads da nossa app, sobretudo por passa-a-palavra. Estamos a recrutar médicos essencialmente da mesma forma, já temos mais de 70 a bordo e um pipeline de mais de 60. Pelo facto da knok suscitar o interesse das pessoas já estivemos presentes na TV, na imprensa e em blogues, o que é fantástico pois é outra forma de dar a conhecer a knok ao público em geral.
Onde esperam chegar?
Gostávamos que a knok fosse a referência de cuidados de saúde primários em Portugal e estivesse solidamente implantada em pelo menos 15 a 20 cidades fora de Portugal.
Sabemos que nenhum dos objetivos é fácil mas o sector da saúde está vibrante e tem atraído investidores em todo o mundo. Pelas várias consultas que já realizamos - com um ótimo feedback dos doentes e dos médicos, o modelo da knok prova que funciona, pelo que acreditamos que vamos suscitar o interesse de investidores nacionais ou estrangeiros.
Como lidaram com a incerteza inicial?
Quando o ideia nasceu, diziam-nos que não íamos conseguir médicos nem uma tecnologia desenvolvida pela nossa equipa que conseguisse fazer ver os médicos no mapa de forma simples e intuitiva. Depois, diziam-nos que não íamos ter clientes. Agora dizem-nos que não vamos conseguir manter o ritmo de crescimento. Todos os dias colocam-nos um obstáculo e todos os dias saltamos esse obstáculo. Isso só nos fortalece, tanto aos fundadores como à equipa alargada, onde se incluem os nossos médicos e parceiros.
Temos desde incertezas fundamentais - será que o projecto vai estar vivo daqui a 6 meses? - até incertezas contextuais - qual a próxima cidade onde queremos abrir? qual o próximo país para onde queremos crescer? - mas lidamos com todas da mesma forma: ouvindo o mercado, ouvindo os nossos doentes e os nossos médicos. Recolhemos dados, reflectimos, decidimos, iteramos, voltamos a tentar. Já fizemos 3 releases da nossa app, sempre com alterações, respondendo ao mercado. Temos sempre que melhorar, mas “melhorar” só é real se formos ao encontro dos nossos doentes e dos médicos.
Vosso maior trunfo? Ingrediente secreto?
O nosso maior trunfo é claramente a nossa equipa: temos uma equipa forte. Somos nove pessoas, com idades entre os 24 e os 40 anos. Temos dois economistas, três médicos, dois engenheiros, um bioquímico doutorado e uma farmacêutica MBA de Cambridge. Somos uma equipa atípica para uma startup, mas muito complementar. Acho que somos dificilmente replicáveis!
O nosso ingrediente não é secreto e, na verdade, é muito simples: para os doentes é conforto, conveniência e rapidez, ao preço de uma consulta de consultório ou atendimento permanente de um hospital privado. Um doente com seguro de saúde, em média, consegue poupar em relação aos cenários anteriores; para os médicos, é a possibilidade de exercer medicina com autonomia e proximidade, ganhando cerca de 5 vezes mais por consulta do trabalhando em hospitais. Queremos que a primeira e única preocupação dos médicos knok sejam os doentes, e não tempos de consulta ou processos administrativos. Queremos que a primeira e única preocupação dos doentes seja recuperarem no conforto do seu lar.
O que sugerem a quem começa?
Que pense bem antes de começar. Que não se iluda com todas as notícias de sucessos de startups na imprensa. Que o sucesso “de um dia para o outro” normalmente tem muitos anos de trabalho por trás, pois ter sorte dá muito trabalho. Que arrancar um projecto é solitário, mas não há outra forma. Que toda a gente tem boa vontade de ajudar, mas, genuinamente, poucos sabem como.
Falem com os vossos clientes, potenciais e reais. Muito. Oiçam-nos. O mais importante é perceber as dores deles, não é explicar-lhes porque achamos temos razão. Abram canais de comunicação e usem-nos. Ponham um número de telefone e um email no site e no facebook para o acesso à equipa de projecto ser fácil, pois os clientes são o ponto de partida e de chegada.
Antes de estarem preocupados com escalar, façam tudo com o mínimo de custo e trabalho possível - quando se tem poucos clientes, o trabalho de ter tudo automático não compensa e reduz flexibilidade. Em vez disso, mantenham a flexibilidade para ouvir e mudar.
Qual o melhor conselho profissional que já recebeu?
"Apaixona-te pelo problema, não pela solução”. O problema está lá, as soluções são infinitas, portanto não temos que acertar à primeira. Mas se o problema estiver bem diagnosticado, havemos de ter sucesso.
Mais informações em knokcare.com.