Goclever: É tempo de conhecer quem já está a fazer

Goclever: É tempo de conhecer quem já está a fazer
27
out
2021
INSIGHT
NOS Empresas
5 minutos de leitura
Atualizado a
23 jan 2023

Ao controlo remoto de resíduos em Barcelona a Goclever já somou cinco portos marítimos. O objetivo é conseguir digitalizar tudo e crescer na indústria 4.0.

Em Portugal, há muitas empresas que já estão a fazer o que ninguém fez, a usar tecnologia e imaginação para criar o futuro. A Goclever, com as suas soluções para portos baseadas na cloud e em IoT (internet of things), é uma dessas empresas, procedendo a uma captação de dados reais que são depois processados e analisados via cloud, permitindo respostas personalizadas para cada cliente. É tempo de a NOS contar estas histórias, de mostrar quem já está a fazer.

Em apenas dois anos, a Goclever evoluiu de um pequeno concurso ganho no Porto de Barcelona para uma solução comercial usada já em seis portos marítimos, com vários outros a caminho. O CLEVER-Volume, sistema de controlo digital remoto de lotagem - que levou à criação da empresa, em 2019 -, será apenas um dos vários componentes do sistema Digital Ports 4D, que a Goclever está a desenvolver.

Com uma enorme sensorização e recolha de dados, a startup fundada por Jorge Garcia Fernandez e António Sousa Patrício cria uma versão digital de qualquer ambiente e recorre à cloud para processar toda essa informação, de forma a responder aos pedidos dos clientes, que tanto podem ser o cálculo de volumes e identificação de produtos como o controlo do número e tempo de permanência de barcos numa marina.

 

Sensorizar para resolver problemas

“Na nossa essência está a utilização de sensores remotos, combinados com algoritmos de inteligência artificial, para automatizar operações”, começa por explicar Jorge Garcia Fernandez, CEO da Goclever. Foi com essa base que surgiu o CLEVER-Volume, “um produto de que gostamos muito, que envolve uma grande compreensão dos resíduos, neste caso, descarregados nos portos”. O teste-piloto efetuado em Barcelona - que se focou na medição e classificação remota de quantidades de resíduos descarregados em portos - permitiu tornar muito mais rápida e eficiente essa tarefa, com recurso a sensores ‘Lidar’ (uma tipologia de sistema de laser, frequentemente utilizada em portos) e câmaras de infravermelhos, inteligência artificial e processamento remoto de dados via cloud. Só no porto da Catalunha, a solução da empresa permite agora gerir 100 mil metros cúbicos de resíduos sólidos por ano, com ganhos de tempo e espaço em armazém.

No fundo os problemas vêm ter connosco e o porto é um espaço onde nós gostamos de estar, tem muita coisa a acontecer”. António Sousa Patrício, COO da Goclever

Os resíduos - nomeadamente resíduos gerados em navios e cuja gestão é fundamental para a proteção do meio marítimo, pois assegura redução das descargas em mar - são apenas a ponta do iceberg do que a Goclever pretende fazer nos portos. “Acabámos por começar com um problema, que passa para outro e para outro, e fomos ganhando conhecimento sobre portos”, explica António Sousa Patrício, COO, “no fundo os problemas vêm ter connosco e o porto é um espaço onde nós gostamos de estar, tem muita coisa a acontecer”. Tanto criam inovações para mostrar aos clientes, como respondem às necessidades que lhes são apresentadas. Exemplo disso é o porto de Las Palmas, nas Canárias, que quer calcular melhor o tempo que os barcos de recreio estão atracados - principal elemento para definir o valor a pagar -, ainda feito por estimativas rudimentares.

Na base de tudo está a sensorização, a utilização da IoT, que permite encontrar soluções para diferentes problemas. Segundo Jorge Fernandez, há “um momento de sensorização, de recolha de informação física e transformação no mundo digital, que chamamos digital twin (gémeo digital); um segundo momento de processamento, em que é imbuída esta ideia de Inteligência Artificial, para tirar conhecimento de toda a informação, de machine learning; e depois um processo final onde respondemos baseados em perguntas. Fazemos perguntas aos dados que recolhemos e respondemos assim às necessidades dos portos”.

Fazemos perguntas aos dados que recolhemos e respondemos assim às necessidades dos portos”. Jorge Garcia Fernandez, CEO

E esses dados vão muito além do cálculo de volumes. “Geometria, volume, áreas, comprimentos, cores, temperatura, qualidade da água, espaços de ocupação vazio/cheio, ‘captura’ de veículos em movimento, geolocalização em objetos parados ou em movimento”, resume António Patrício, elencando toda a informação que a Goclever pode recolher.

 

5G: uma evolução natural para a Goclever

A informação é conseguida com recurso a sensores fixos, a outros que podem ser mudados de sítio, e ainda a sensores móveis instalados em drones. A Goclever já está também a desenvolver tecnologia para drones autónomos, pelo que a utilização da rede 5G é algo que esperam vir a impactar positivamente o desenvolvimento da solução. “Com 5G, conseguimos ter o drone onde quer que seja a transmitir informação para os nossos processadores na cloud”, destaca António Patrício. Permite ultrapassar obstáculos como a enorme área de um porto, ou as limitações que existem tanto com a rede fixa como com as redes móveis atuais.

Quando começámos a evoluir para uma solução mais sofisticada, em que monitorizamos todo o porto, o 5G acaba por ser um capacitador da nossa solução”, lembra António Patrício.

Foi também isso que atraiu a Goclever para o Programa Acelerador 5G da NOS e da AWS, onde Jorge, António e a restante equipa, instalada na incubadora Startup Lisboa, procuraram demonstrar o potencial de um sistema integrado de monitorização - ao qual chamam Digital Ports 4D - quando aliado à quinta geração móvel. De acordo com Jorge Fernandez, trabalham, cada vez mais, “com uma recolha muito grande de dados” e também “uma necessidade de resposta cada vez mais imediata”. Com o 5G, principalmente “a partir desta ideia de velocidade e de minimizar ao máximo a latência”, vão conseguir dar respostas que antes não eram possíveis, acredita o CEO.

Para o COO da Goclever, a participação no Acelerador 5G foi um privilégio, bastante além da menção honrosa conseguida. “Ganhámos muito com o conhecimento das outras startups envolvidas no programa”, recorda António Patrício, “além dos promotores, que também nos guiaram em aconselhar os melhores mentores. E os mentores altamente experientes foram ótimas fontes para podermos discutir soluções para o nosso negócio, como implementá-las de forma mais eficiente, e também do ponto de vista do negócio e do ponto de vista técnico”.

"A NOS”, diz o COO da Goclever, “disponibilizou as instalações e o acesso à rede 5G, para podermos fazer testes e perceber de facto as velocidades que conseguimos obter

 

Telemóveis a tocar após o Acelerador 5G

António Sousa Patrício revela também que, após o Acelerador 5G, foram surpreendidos com “vários contactos, quer de clientes quer de investidores, que se mostraram interessados na nossa solução e no potencial da empresa”. Isso reforçou a confiança tanto na Goclever como na nova solução que se propõem desenvolver. “O Acelerador 5G foi um potenciador da nossa visibilidade e de podermos apresentar a nossa solução”, acredita o COO da empresa.

Jorge Garcia Fernandez também está confiante no futuro, e espera que a Goclever continue a avançar na comercialização de soluções, não só o CLEVER-Volume, “mas também a Digital Ports 4D, que temos validada junto dos nossos clientes”. O CEO espera que “o novo set de features permita monitorizar melhor os portos do Século XXI”.

Com a solução Digital Ports 4D, Jorge Garcia Fernandez espera que “o novo set de features permita monitorizar melhor os portos do Século XXI

É nas instalações portuárias que a Goclever se sente bem neste momento, mas os fundadores acreditam que o barco da empresa vai partir para novos destinos. “Temos um caminho grande a percorrer e aplicações em muitas outras áreas da indústria, em que, na digitalização do físico, nós percebemos que conseguimos trazer grandes vantagens”, descreve António Patrício, que encaixa a sua empresa na indústria 4.0 “mais inteligente e baseada nesta recolha de informação de sensores, que servem depois para a automação”.

A Goclever quer transformar os portos do Século XXI e crescer para vários outros sectores. Para isso espera que a rede 5G expanda as capacidades de processamento remoto, a base das suas soluções. Foi com isso em mente que Jorge e António inscreveram a Goclever no Programa Acelerador 5G, promovido pela NOS e pela Amazon Web Services, em parceria com a Startup Lisboa, e a sua solução Digital Ports 4D acabou por ser premiada com uma menção honrosa.

A Goclever - tal como a KIT-AR, vencedora do Acelerador 5G -, está na linha da frente da tecnologia, a abrir o caminho em Portugal e no mundo. E estas empresas não estão sozinhas. Há mais histórias para contar, mais projetos inspiradores e startups inovadoras para conhecer. É tempo de fazer, e é nas empresas que tudo começa.

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