sustentabilidade

Tecnologia 5G para um futuro mais sustentável

A tecnologia está ligada à “melhoria das condições de vida”, afirma Luís Neves, CEO do GeSI, e acredita que “o 5G vai ser fundamental para que Portugal avance ainda mais”.

27 de maio 2021

Há vários anos que o GeSI - Global Enabling Sustainability Initiative, estuda o impacto da tecnologia nas empresas e na sociedade em geral. E as conclusões - mais recentemente relacionadas com o 5G - têm sido extremamente positivas. “A implementação tecnológica e o desenvolvimento tecnológico estão fortemente ligados à melhoria das condições de vida dos cidadãos. Os países que investem mais na tecnologia, naturalmente também estão mais à frente”, explica em entrevista Luís Neves, CEO da associação empresarial com sede em Bruxelas.

Para o responsável, "o 5G é a tecnologia do futuro para assegurar a sustentabilidade”. Acredita que o aumento da eficiência relacionado com a nova rede vai ser exponencial, apesar das críticas que apontam para maiores consumos de energia. “No último estudo que fizemos, Delivering a SMARTer 2030, a pegada de carbono do sector mantém-se nos 2% globais, mas aquilo a que chamamos o enabling impact, o benefício, é 10 vezes mais do que calculámos em 2007. Estamos a falar de 20% de potencial de redução das emissões de carbono através das tecnologias. E o valor económico são 11 biliões de dólares por ano”.

" “Estamos a falar de 20% de potencial de redução das emissões de carbono através das tecnologias. E o valor económico são 11 biliões de dólares por ano”. Luís Neves, CEO do GeSI

Tecnologia 5G como game changer do desenvolvimento


< O CEO do GeSI entende que as vantagens do 5G permitem um desenvolvimento mais sustentável em três vertentes: “Uma é a latência muito mais baixa; a segunda é a capacidade de transmissão de dados, que vai ser muito maior, e a terceira é a rapidez da comunicação”. Estes três critérios “são o grande game changer do 5G, porque isto vai permitir conectar cidades, controlar as colheitas na agricultura, facilitar a implementação de soluções na saúde, na educação, no tráfego, na logística. Todas estas indústrias vão beneficiar da implementação do 5G”. Essas inovações vão depois trazer negócio, gerar benefícios e criar um mundo mais sustentável”.
Descubra como o 5G é a ‘rede das redes’

" Nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, “a tecnologia vai permitir um impacto enorme em 22% dos indicadores”, avança Luís Neves

No estudo SMARTer 2030, o GeSI aprofunda a relação entre a tecnologia e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). “Olhámos para os 17 ODS e para as 169 metas, e tentámos perceber qual é a correlação entre a tecnologia e todos estes indicadores”, refere Luís Neves, “e a conclusão foi fantástica, a tecnologia vai permitir um impacto enorme em 22% dos indicadores, e vai reverter o impacto negativo de 23% deles”. O CEO do GeSI acredita mesmo que os resultados podem ser superiores, daí a associação ter criado um movimento para os reforçar, através de “indicadores que vão permitir às empresas avançar neste objetivo”.

Segundo Luís Neves, é importante que as empresas “percebam o que é que a sociedade pensa para melhor gerirem o seu negócio. Se falarmos em sustentabilidade, é muito importante que as empresas compreendam quais são os maiores desafios que estão pela frente. É neste papel que o GeSI se coloca, apoiar os seus membros, as empresas, a facilitar esse diálogo, ajudá-las, através da sustentabilidade, a melhorar o negócio”.

5G Portugal: Apanhar o comboio da liderança europeia


Um dos estudos do GeSI, o Digital Access Index, avalia a qualidade de vida dos países com base no acesso à tecnologia. “Os países que investem mais na tecnologia, naturalmente também estão mais à frente”, indica Luís Neves, apontando o Luxemburgo e a Suécia como os melhores exemplos. E Portugal? “Está em número 22 dos mais desenvolvidos, o que, não sendo mau, também não é muito bom. Daí o meu apelo no investimento na tecnologia, do ponto de vista político. É aquilo que vai permitir a Portugal avançar, desenvolver-se e equiparar-se aos países que estão mais desenvolvidos”.

Para o CEO do GeSI, que vive fora do país há 25 anos, “Portugal, do ponto de vista da digitalização, esteve muito bem e tem tido um desenvolvimento bastante positivo”. No entanto, Luís Neves defende que, “olhando para os desenvolvimentos mais recentes no continente europeu, era muito importante que Portugal não deixasse passar o comboio do 5G”. Para isso tem de haver “um ambiente regulador que facilite essa implementação e esses investimentos. As empresas têm de ter segurança nos investimentos, porque elas têm responsabilidades sociais e no que respeita aos seus acionistas, não podem dar tiros no escuro. É muito importante o poder político perceber que é necessário estabilidade”.

" Para Luís Neves, “era muito importante que Portugal não deixasse passar o comboio do 5G”.

Já as empresas portuguesas da área merecem rasgados elogios ao CEO do GeSI. “Eu acho que as empresas estão preparadas para a implementação do 5G. Em Portugal há grandes engenheiros, grandes técnicos, grande know-how. Comparamo-nos a qualquer outro mercado europeu ou mundial”, afirma Luís Neves, destacando que “há também ambição de criar um Portugal mais digital, mais moderno”.

" “Em Portugal há grandes engenheiros, grandes técnicos, grande know-how. Comparamo-nos a qualquer outro mercado europeu ou mundial”. Luís Neves

O ‘comboio’ do 5G que está em marcha tem também um peso geoestratégico global e Portugal deve estar presente, enquanto parte da Europa. Para Luís Neves, há o bloco dos Estados Unidos, o “money machine”, e do outro lado a Ásia, “onde vemos outro tipo de problemas, mas também uma explosão de tecnologia”, pelo que “o espaço europeu é a terceira via, à volta da tecnologia e da sustentabilidade”. Em Portugal e na Europa, “se conseguirmos isso, vamos ser líderes mundiais”
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